segunda-feira, 28 de setembro de 2015

A Paz esteja conosco!



A paz! Olhando bem, detalhe a detalhe, a paz está é na favela, a paz é com os pobres.

A sociedade sonha com a paz. Os mais ricos têm segurança particular e nem andam pelo chão, a classe média se tranca nos condomínios, mas ainda sai pra trabalhar, com medo de não voltar.
A paz! É tão ruim ver os outros felizes, se nós não podemos ser, pensam os "cidadãos de bem". Por isso fazem de tudo para criminalizar o negro e a periferia.

A classe média tem ódio da favela, e é porque na Favela temos paz. A paz! Na periferia, a galera se junta pra pegar o baba, pra brincar de bate-lata, pra conversar na porta de alguém. No condomínio, cada criança brinca sozinha no play, sem poder se sujar, e seus pais nem se conhecem, apesar de dividirem a mesma parede.

Ah! A paz. Pedir um pouco de farinha, deixar a chave de casa na casa do vizinho, trocar favores apenas porque moramos próximos e sabemos que devemos cuidar uns dos outros. Compartilhar a wifi pra galera se reunir lá em casa. Bater lage num domingo qualquer e aceitar uma cerveja com um feijão de pagamento, porque é tão bom saber que a família vizinha conseguiu construir um teto melhor.

A vida da periferia é tão invejada, que fazem de tudo para colocar na nossa cabeça que isso tudo é ruim, que quem mais rouba se esconde na periferia, exatamente onde eles pregam que é menos seguro. O maior plano da classe média é colocar o povo contra ele mesmo. A grande mídia faz o favor de absolver quem tem dinheiro e condenar quem não tem. Ator que quase morreu por cheirar cocaína teve "problemas com drogas". Usuário pobre pego com maconha vira "traficante preso". Isso quando é preso, isso quando não é morto, isso quando a polícia não mata inocentes, porque na periferia pode atirar sem se preocupar em quem vai acertar.

A paz da favela é maior porque todo mundo se conhece. A gente sabe quem é quem. Nos condomínios, ninguém está disposto a conhecer o outro, a outra.

A periferia é o centro da cidade, porque é aqui que moram as pessoas que mantém a cidade funcionando. O motorista do buzu mora aqui, a vendedora do shopping mora aqui, o garçom, o cozinheiro do restaurante, a costureira da grife, os garis, os motoristas que fazem entregas, etc. Todo mundo mora e vive aqui, todo mundo é livre aqui, embora muitas vezes pense em sair, por acreditar que se trancar num condomínio é melhor, por não perceber a felicidade que é morar aqui.

Há Paz! Somos nós que transmitimos paz à cidade. É o pobre quem vive em paz. É o pobre quem promove o verdadeiro bem viver. A verdadeira cultura, o lazer, os sorrisos mais sinceros, a força de vontade, a luta pelo bem de todos está nos pobres, está na periferia.

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