domingo, 24 de janeiro de 2016

Eu creio no Amor


No início do mês de Janeiro, o Vaticano publicou um vídeo, onde o PAPA Francisco pede a oração de todos as pessoas de boa vontade pela construção de um mundo mais justo e pacífico. Nela, estão representantes do Budismo, Islamismo, Judaísmo e Cristianismo. Eis a mensagem completa:

"A maioria dos habitantes do planeta declara-se crente. Isto deveria ser motivo para o diálogo entre as religiões. Não devemos deixar de rezar e colaborar com quem pensa de modo diferente. 'Confio em Buda.' 'Creio em Deus'. 'Creio em Jesus Cristo'. 'Creio em Deus, Alá.'
Muitos pensam de modo diferente, sentem de modo diferente, procuram Deus ou encontram Deus de muitos modos.
Nesta multidão, nesta variedade de religiões, só há uma certeza que temos para todos: somos todos filhos de Deus. 'Creio no amor'. Confio em vós para difundir a minha intenção desde mês: 'Que o diálogo sincero entre homens e mulheres de diferentes religiões produza frutos de paz e justiça.' Confio na tua oração."

O vídeo gerou inúmeras mensagens de católicos contra o Santo Padre, por não entenderem o que foi tratado e pedido. É certo que essas pessoas preferem ignorar a proposta de amor dO próprio Cristo, para aderirem ao movimento das que jogam pedras em quem vive de outras formas.

A intolerância religiosa, além de ser crime, está enraizada na triste "cultura" de acreditar que somente uma maneira de acreditar é verdadeira. É um egocentrismo assustador.

Há menos de 1,5 bilhão de cristãos no mundo. Isso significa que as outras 5,5 bilhões de pessoas adoram satanás? Que irão para o inferno?

A catequese, a leitura exegética, a formação sob a premissa do amor e da compreensão dessas pessoas foram muito fracas. Já leram O Corão, para ter certeza de que os ensinamentos dos Islã são errados? Já buscaram entender que no candomblé só há um Deus, chamado Olorum? 

É óbvio que só há um único Deus. Senão seu nome não seria Deus. A gente vive falando palavras que não entende o que significa. Se existisse mais de um, ou seriam exatamente iguais (o mesmo), ou um seria mais Deus do que o outro, ou seja, o "menos Deus" não seria Deus. 

Mas há duas maneiras de interpretar o fato de existir um único Deus: ou você acredita que só seu modo de crer nele é válido e a menor mudança no que é tido como verdades sobre Deus e o modo de adorá-lo configura-se numa crença não divina, ou você acredita que as ações e as intenções de todas as pessoas são válidas para Deus, sem importar como a pessoa o chama, ou como aprendeu a fazer tais coisas.

A obra é mais importante do que a fé. Isso seria claro, mesmo se não estivesse explícito na carta de São Tiago.

Acreditar que as outras maneiras de crer são pagãs, satânicas, erradas, etc. é o que mantém várias guerras pelo mundo. É preciso sair da bolha de uma crença num Deus que não entende o coração de todas as pessoas, de acreditar que Deus só se alegra com os cristãos, que Deus só é Deus para os cristãos.

É contraditório acreditar no mistério da fé de um Deus, mas limitá-lo aos pontos tocados pela sua crença. 

Imagina Deus no julgamento final de um budista, um muçulmano, um judeu, um candomblecista, um umbandista. Serão todos condenados porque não são cristãos?

E o que mais foi escrito, sobre o vídeo, diz que "fora da Igreja Católica não há salvação". Porém essas mesmas pessoas não sabem o que isso significa. O próprio CIC diz o seguinte:
"Existem fora das fronteiras visíveis da Igreja Católica, muitos elementos de santificação e de verdade: a Palavra de Deus escrita, a vida da graça, a fé, a esperança e a caridade, outros dons interiores do Espírito Santo e outros elementos visíveis." - Catecismo da Igreja Católica, parágrafo 819.

Então, que rezemos e coloquemos em prática o respeito, a compreensão, o carinho, o diálogo sincero e aberto, entre os vários modos de buscar Deus, as várias faces do verdadeiro amor por todos e todas. E como disse Jorge Vercillo: "tudo em Deus tem o seu lugar, de Maria ao Corão".






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