quarta-feira, 29 de julho de 2015

Conflito em sala de aula

Latuff

Algumas salas de aula são verdadeiras zonas de conflito. E chegar nesse espaço no meio do percurso, é ainda mais difícil encontrar meios e forças para mudar o cenário. Essa mudança significa ajuda. Ajuda aos estudantes, ajuda a nós mesmos.

O conflito reflete relações que não estão determinadas. Seja o respeito à autoridade do professor, dos funcionários da escola, seja o respeito aos outros estudantes. Se não há uma cooperação mútua entre todos esses, é preciso que haja o entendimento de que o outro, a outra, tem o direito de cooperar, tem o direito a oferecer, ou receber educação de qualidade.

Os professores têm papel fundamental na solução desses conflitos. Como? Cada um precisará colocar-se no olho do furação e, sem enfrentá-lo, criar alternativas para que os estudantes visualizem e queiram seguir. Desistir não é uma possibilidade.

O que esses estudantes conflituosos estão tentando esconder, muitas vezes, é as dores que têm. E, como disse Mercedes Sosa, que a dor não me seja indiferente. Não podemos fingir que não é problema nosso. Mantermos-nos longe dos conflitos não vai resolvê-los. É preciso olhá-los face a face. Temos que colocar os pés na realidade dos estudantes e trabalhar a partir do que vermos lá.

A busca de um diálogo sincero e aberto perpassa pelo descobrimento de situações comuns aos professores e aos estudantes. Um professor pode ser visto como uma ameaça. O primeiro passo é desconstruir essa visão. Quando os estudantes veem que o professor se preocupa com situações que vão além da disciplina que ensina, a relação se torna mais próxima da ideal.

É muito mais fácil obter respeito a partir de uma relação horizontal, do que numa relação vertical. "A sabedoria se aprende com a vida e com os humildes." - Cora Coralina. Então também temos o que aprender com os estudantes conflituosos. Eles estão interessados em quê? E o que podemos aproveitar disso?

"Que a guerra não me seja indiferente
É um monstro grande e pisa forte
Toda fome e inocência dessa gente" - Mercedes Sosa.

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