domingo, 26 de julho de 2015

Chacinas legais



No início de 2015, a mídia teve a audácia de veicular o fracasso da ocupação das periferias brasileiras com "UPP's", sugerindo que, como não deu certo e o crime organizado não acabou, a solução é re-ocupar os espaços onde a polícia já está. Isso é o movimento para justificar a falha do governo, que é evidente, ao tratar historicamente as consequências de uma política baseada em ausência, como diria MV Bill, para favorecer a cultura do medo, da crença de que somos formados por maioria criminosa que não merece qualquer chance, além de alinhar-se aos empresários da morte, que lucram com as prisões.

Somente no complexo da Maré, no RJ, consumiu dos cofres públicos R$486 milhões em um único ano, com a "pacificação". A quem o governo pagou essa montanha de dinheiro? E quanto mais foi gasto no complexo do Alemão, nesses 5 anos de ocupação?

R$486.000.000,00 financiariam quantos projetos de reestruturação da base dos moradores?
R$486.000.000,00 construiriam e manteriam quantas escolas equipas?

Quantos grupos de extermínio, formados por maus policiais, decretam e executam penas de mortes dos pretos, pobres, periféricos? Quantas mulheres são perseguidas e persuadidas todos os dias por policiais que acreditam que suas fardas e sua posição na sociedade são superiores à do cidadão?

A indústria do medo tem uma meta: fazer com que todos acreditem que sairão de casa para trabalhar e provavelmente não voltarão à noite. Porque eles precisam vender suas cercas elétricas, suas câmeras de vigilância, seus carros blindados, carros-fortes, etc.

Ninguém em sã consciência acredita que há mais pessoas ruins do que boas. Mas o porta-voz da indústria do medo é o programa da manhã nas rádios, ou de meio dia, nos canais de TV. É esse porta-voz que apresenta, julga e condena suspeitos todos os dias, gerando a sensação de insegurança e impunidade, daí a legitimar a matança de quem deveria dar segurança, é um pulo. "Se é suspeito de algo, e eu tenho o direito de não querê-lo perto de mim, também não vejo problema se ele morrer, seja qual for a maneira." É esse porta-voz quem dá a ideia irracional ao povo de que as causas não precisam ser estudadas.

O cidadão entra na Polícia com boas intenções. Mas a militarização traz mais prejuízos à sociedade do que ganhos. A causa é o tratamento de choque do treinamento militar. As consequências são policiais desumanos, que se auto-proclamam acima dos cidadãos, por serem "autoridade". Eu não quero o fim dos policiais. Quero o fim da polícia militar. Tratar o cidadão do mesmo país como inimigo de guerra é crime contra a humanidade, mas há quem coloque seus interesses acima do bem comum.

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