domingo, 28 de junho de 2015

Uma explosão de cores no Facebook

No último dia 26 de Junho de 2015, os EUA aprovaram uma lei federal, que regulamenta, em todo o país, o casamento entre casais homo-afetivos. Então, o Facebook resolveu criar uma ferramenta para que, quem quisesse comemorar, ou apoiar a decisão, ou até unir-se contra a homofobia, pudesse colorir a sua foto de perfil com as cores da bandeira do movimento LGBT.

Porém, a reação de quem não concorda com a lei, ou quem acha que homofobia não existe, foi de publicar posições preconceituosas e, até fora de contexto, como a imagem de uma criança morrendo que diz "no dia que a sociedade se mobilizar para acabar a fome, eu vou apoiar". A grande maioria dessas pessoas é cristã. O que me fez refletir bastante sobre minha posição dentro da igreja que participo e o que tenho a dizer a essas pessoas.

Muitas pessoas, das que coloriram suas fotos, defenderam seus pontos de vista, mas outras ficaram tristes e até envergonhadas de terem sido acusadas de insensíveis às causas sociais. Mas o que eu tenho a dizer para essas pessoas é que não sintam-se assim!

O que as outras pessoas estão ignorando é o fato de que, no mundo de hoje, o acolhimento evangeliza muito mais do que somente as palavras. Alguns amigos também comentaram minha foto "colorida", mas eu ignorei, porque não quero perder amizades por causa do preconceito.

É um erro acreditar que a homossexualidade é uma realidade de fora de nossas comunidades, nossas pastorais, nossos movimentos, congregações e, principalmente, do clero. O que estamos entregando para essas pessoas que, mesmo conhecendo a posição da Igreja Católica, encontram o Amor de Deus em nossos templos, em nossos grupos? Será que temos o direito de negar-lhes aquilo que Jesus deu à adúltera, ao cobrador de impostos, à samaritana, às crianças, aos leprosos? Com certeza não!

O fato de celebrar uma lei federal dos EUA é secundário, diante do que o ato de colorir a foto representa. Muitas pessoas podem não ter entendido, mas sei que minha posição é contra a homofobia, contra os ataques que a comunidade LGBT sofre e, principalmente, a favor da vida, a favor de que todos, sem exceção, possuam vida em abundância.

O debate da fome, sobre cuidar dos marginalizados, não destoa do debate contra a homofobia. Afinal, a comunidade LGBT ainda é marginalizada em nosso país. As duas grandes publicações do PAPA Francisco (Evangelii Gaudium e Laudato Si) falam de agir contra o atual sistema, que gera alimentos para o dobro da população, mas também a fome de quase 1 bilhão de pessoas no mundo, e também de cuidarmos de todas as coisas que há no mundo. E se tem algo importante nesse mundo é a alma dos filhos de Deus. 

Será que devemos ignorar o fato de que, no Brasil, os homossexuais têm o risco de morrer 80% maior do que os heterossexuais? Ou que, segundo o Grupo Gay da Bahia, em 2012, de todos os casos letais que aconteceram no mundo contra a comunidade LGBT, 44% foram no Brasil?

Eu acredito que devemos sentir vergonha é dos cristãos que não entenderam sua verdadeira missão, cristãos que preferem apontar dedos, preferem usar o sofrimento alheio para justificar a sua insensibilidade para com as conquistas de outros. E Padre Fábio de Melo (imagem abaixo) já disse muito bem sobre as questões da esfera religiosa e do estado, que não podem ser pensadas de forma a negar vida e direitos a quem não segue determinada religião. Já pensou se todo mundo fosse obrigado a dar Santo, no Brasil? "Seria um crime" pensam os fundamentalistas, mas por que todas as leis precisam ser cristãs?

Disso tudo, o nosso maior pecado é considerar que a vida do outro não vale a pena e, por isso, ela pode ser descartada pelo estado e pelas religiões.

Fonte: Twitter, reprodução.

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