quinta-feira, 7 de maio de 2015

A fé que nasce do povo

Familiares, amigos e movimentos rezam pelos jovens mortos no Cabula

Muitas vezes a religião nos sobe à cabeça e somos egocêntricos ao ponto de considerarmos que somos os únicos capazes de ter fé, ou de praticar o bem. E aí, pior ainda, achamos que temos o direito de decidir sobre a vida dos que parecem ser diferentes, porque estamos olhando pela fechadura da porta do preconceito.

No início do ano, conheci uma comunidade muito simples de Salvador, onde não há escolas, rede de esgotos, postos de saúde, nem comércio. As áreas de lazer foram escupidas pelos próprios moradores, alguns espaços abertos de barro, outro muito lindo, que é a praça da esperança.

Ali, também, provavelmente a única faceta do Estado que chega é o bolsa-família. A segurança pública lhes é oferecida como moeda de troca para que possam continuar vivos. A polícia coage todo mundo, todo mundo fica em casa e desfruta da pseudo-segurança, sob a desculpa da guerra, falida, contra o tráfico.

E eu, no meu cristianismo barato, pude pensar que nada poderia nascer e florescer num espaço tão marginalizado. Isso antes de dar de cara com a praça da esperança. Mas em tudo o que aquela comunidade sofreu, o que ficou mais forte na mente de quem ali passou, é a fé daquele povo. A fé que dá o sustento, a esperança, as forças para continuarem vivendo, sonhando com a civilização do amor. Ali onde a igreja, nem os "missionários" querem entrar, a comunidade se uniu, para chorar a morte de seus filhos, mas também para rezar. E é tão dolorido ver que tudo o que eles tinham era a oração. Mas é tão desconcertante eu julgar-me merecedor de algo que vem de cima, enquanto a quem tudo foi tirado, como Jó, continua a louvar e acreditar nO Cristo Salvador, na proposta de vida para todos.

Muitas vezes, achamos que estamos levando o Evangelho para um lugar, quando na verdade Cristo já está lá há muito tempo, revelado na espiritualidade encarnada de seu povo, nos esperando.

‪#‎PartilhasDoFimDeSemana‬

‪#‎PJEuAcredito‬

2 comentários:

  1. REALMENTE SEU CRISTIANISMO É BARATO POIS SE BASEIA EM IDEOLOGIAS MUNDANAS QUE SUGEREM "GUERRA DE CLASSES".

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    1. Pois é. Eu sei fazer autoavaliação. E você? Já refletiu sobre seu cristianismo hoje?

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