segunda-feira, 23 de março de 2015

Quem quer matar bandidos também é bandido.



Se eu resolvesse contar, com certeza chegaria à conclusão de que uma das frases que mais li e ouvi, nos últimos anos, foi "bandido bom é bandido morto". Lançada aos ouvidos brasileiros no filme de ficção "Tropa de Elite", que é encarado por grande parte da população como uma história real, onde o policial que entra na periferia somente para matar é o melhor policial, esse filme mudou o debate sobre segurança pública, no país.

Em sua continuação, "Tropa de Elite 2", seu discurso contra os direitos humanos assinou a pena de morte para muitos jovens pobres. Enquanto a população acreditou que quem não concorda com a polícia, é a favor de bandidos, a polícia, muitas vezes, pôde fazer o que bem quis, nas comunidades.

Mas esse fato histórico brasileiro, de mudança de discurso, faz-me levantar uma questão: o que é ser bandido? Com certeza, muitas pessoas que querem matar todos os bandidos, não sabem responder. Ao pensar sobre, pude decidir que bandido é toda pessoa que infringe a lei, mais especificamente, toda pessoa que comete um ato que está previsto no código penal, com previsão de aplicação de multa e/ou prisão. Acho que todos concordamos com essa definição.

Pois bem. O problema desse discurso, de querer matar todo mundo que é bandido, é que não há, em lugar nenhum da lei brasileira, a permissão para matar alguém, "somente" porque cometeu um crime. Dizer que alguém merece morrer, por situações que a lei não prevê, é cometer um crime contra a paz pública, crime de incitação ao crime, artigo 286 do código penal, com penas entre 3 e 6 meses de prisão.

E aí, quem acredita que bandido bom é bandido morto, também é bandido. Deveria ser a favor de sua própria morte, o que com certeza não é. E nem eu sou. Afinal, eu sou defensor dos bandidos. Se quiser, posso até acolher em minha casa. desde que pare de acreditar em tudo que vê na TV e passe a lutar para mudança das causas, e não repressão sobre as consequências.

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