segunda-feira, 13 de outubro de 2014

O Voto Crítico em Dilma

Desde o dia 05/10, ao final do 1° turno das eleições, a TV começou seu ataque mais voraz contra a reeleição de Dilma. Agora, além dos 10 minutos da propaganda eleitoral obrigatória, Aécio Neves dispõe de muito tempo em cada telejornal, para se defender das acusações e criticar sua adversária. 

A Band fez uma reportagem de 5 minutos, que parecia mais um direito de resposta de Aécio contra Dilma. A voz de Dilma foi ocultada, enquanto o narrador da matéria dizia que a propaganda de Dilma usou atores para caluniar Aécio, e depois Aécio falou o que quis. 

No dia 11/10, na Globo, o Jornal Nacional dedicou um bloco inteiro para servir de palanque para seu candidato. E foi o escândalo da Petrobras, e foi a comoção da família de Eduardo Campos, apoiando Aécio.

Porém, o que tenho visto é que o brasileiro não é burro, como muitos insinuam. Todo mundo percebe o que as mídias estão fazendo, quem está apoiando. E aí, é só lembrar quem já foi apoiado pela TV: o Golpe Militar de 64 (a Globo emitiu uma carta e Willian Boner leu, se desculpando por terem apoiado o golpe, quase 50 anos depois); Fernando Collor, em 89, que quebrou a economia brasileira, FHC que manteve o pobre com um salário mínimo do mesmo valor da cesta básica, enquanto vendia as empresas brasileiras a preço de banana para os EUA. Hoje, um salário mínimo compra mais de duas cestas básicas, um ganho real muito bom. Todas as vendas geraram um prejuízo direto de R$100 bilhões, fora o que perdemos porque o lucro dessas empresas não voltou para nós. No ano de 2000, o FMI - Fundo Monetário Internacional (controlado quase que exclusivamente pelos EUA) sugeriu a FHC que fechasse todas as universidades públicas e as tornasse privadas. É por isso que na década de 90, as faculdades públicas ficaram tão ruins, sem dinheiro, porque FHC queria vendê-las. É por isso que o SUS não funcionava, nem havia médicos, porque eles queriam vender. E é exatamente o que Aécio Neves vai fazer: todos os serviços públicos ficarão ruins, enquanto a TV nunca dirá que estão ruins, mas sim que o governo faz de tudo, mas não tem dinheiro. Aí, os impostos vão subir, enquanto tudo que é público será sucateado e preparado para a venda.

O "escândalo" da Petrobras será usado para argumentar que ela não serve para os brasileiros. Temos uma lei aprovada de que 75% do lucro do Pré-sal será direcionado para a educação. O plano Nacional da educação foi aprovado esse ano e, até 2024, o salário base do professor da escola pública será R$3.600,00. Isso só será possível se a Petrobras ainda for nossa.

O pobre não pode votar no candidato dos ricos, porque os ricos usam todas as armas para desqualificar a candidata que propõe um país mais justo.

Em 2014, pela primeira vez na história, o Brasil está fora do "mapa da fome", isso quer dizer que não existe mais fome crônica em nosso país. Só existem 35 países no mundo em que a população não passa fome, o Brasil é um deles.

O desemprego no Brasil é 5%, um dos menores do mundo. Nos EUA, é 6%. 
Os últimos doze anos poderiam ter sido melhores, não fossem os desonestos que, infelizmente, dizem-se políticos. Mas teriam sido muito piores, se tivéssemos continuado a sucatear tudo que é público. Provavelmente não existiriam cotas, nem ciência sem fronteiras, nem Pronatec, nem tantas bolsas de estudo dentro das universidades, pelo contrário, ao invés de ganhar dinheiro para estudar, teríamos que pagar e muito caro.

Não estou dizendo que o PT foi perfeito em tudo o que fez. Muitas pautas deixaram de ser cumpridas, porque as alas mais conservadoras do partido impediram que avançassem. Votei em Luciana Genro no primeiro turno porque acredito que ela representa todas as pautas para chegarmos à cidadania completa. Agora, no segundo turno, votarei em Dilma, porque ela representa algumas das pautas, rumo a sermos um país justo. Não votarei em Aécio, porque ele não representa nenhuma pauta de avanço na educação pública, nem na segurança sem precisar da truculência da Polícia, nem em moradias para o pobre. Aécio nunca enfrentará os EUA, como Dilma fez quando as espionagens foram descobertas. Aécio nunca apoiará os países latinos. Não posso compactuar com quem quer mais cadeias, quem defende que o melhor lugar para um adolescente se recuperar é na prisão com adultos, quem é contra a reforma política, quem acha que o salário mínimo está alto demais. Aécio não representa o(a) trabalhador(a) Brasileiro(a) e o que mais há nesse Brasil é trabalhadoras e trabalhadores!

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Atualização, antes do segundo turno:

Não sou PTista, mas vou votar em Dilma. Votei em Luciana Genro no primeiro turno porque ela representa as mudanças (positivas) que o Brasil precisa. Dilma representa algumas mudanças, Aécio representa nenhuma. Fui às ruas em 2010, 2011 e 2013. Fui protestar contra o aumento de 62% nos salários dos parlamentares, contra o aumento da tarifa do busu e em favor do passe livre, contra a corrupção, em favor da reforma política, em favor de serviços públicos de qualidade (mais investimentos em educação, melhorar o sus, etc.). Fui em 2013 para pedir melhores condições de vida para todos.

Em nenhum momento vi, na pauta do "movimento passe livre", o baixo crescimento econômico, a alta inflação, nem o pedido de mais organismos privados. Nós clamamos por mudanças que representam uma ação mais em favor das estatais. Essas mudanças seriam à esquerda do governo atual. Aécio Neves não representa essas mudanças, pedidas pelo povo. O possível governo de Aécio vai regredir no diálogo sobre isso. Não estou dizendo que o PT vai resolver tudo. Sei que Michel Temer, vice de Dilma, não concorda com a reforma política e há correntes no PT que também não.
A questão eleitoral aqui é quem pretende ouvir pouco, ou nada, do que explodiu nas ruas nos últimos anos. E nesse caso, voto em Dilma.

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Atualização, após as eleições do segundo turno:

Alguém seria eleito(a). Resolvi não anular meu voto nesse segundo turno, porque percebi que o que estava em jogo não era meu ego, ou apenas minha militância independente de partidos políticos, mas sim um projeto de Brasil, de um lado apoiado criminosamente por quem manipula o povo há muito tempo, por outro lado por quem ainda tem medo de avançar nas pautas populares.

Decidi pelo projeto que promete algumas pautas populares. Não pretendo apoiar o governo de Dilma integralmente, muito pelo contrário, essa vitória apertada significa que muita gente acha que esse projeto não é o ideal para o Brasil. Se Dilma submeter-se às pautas conservadoras da oposição, em nome do diálogo e da "união", para garantir voz aos 50 milhões de votos que Aécio obteve, nós daremos passos para trás. Se Dilma for mais séria consigo mesma, e com seu projeto programático, ela vai se apoiar nos movimentos sociais e deflagrar o controle midiático, baseado nos preceitos da moral jornalística, que são infringidos constantemente. Além disso, Dilma precisa informar e formar o povo sobre as reformas que anunciou, pela segunda vez, que fará. A reforma política será um marco histórico nesse país, uma política de tolerância zero à corrupção também, mas a TV é contra, é mais uma barreira a ser ultrapassada.

Falta muita coisa ainda. A reeleição de Dilma não resolverá nossos problemas, se o governo dela for amigo de todos. O povo tem um inimigo declarado, e não é por opção do povo.

Os financiamentos de campanha de Dilma não me agradam. Bancos, empreiteiras, multinacionais, que investiram nela, agora irão pegar o dinheiro de volta, com contratos infames.

A Juventude do PT, em especial a da Bahia, está em crise. Não sabe mais criticar e sugerir novas políticas ao governo, porque virou bode expiatório dos grandes políticos do partido. O movimento estudantil partidário está falido, no sentido de força política, militância nas ruas. Isso é tráfico para o nosso futuro. A CNB, corrente majoritária do PT, atrapalha mais do que ajuda.

Enfim, serão 4 anos decisivos para o avanço na melhoria da vida do povo. Se o problema é manter o poder, nas próximas eleições, garante a candidatura de Lula e faz o "estrago" necessário nas alas conservadoras e na mídia. Se garantir o poder não é prioridade, faz o "estrago" necessário nas alas conservadoras e na mídia, para melhorar o máximo possível.

Não faço politicagem, prefiro a verdade.

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