terça-feira, 21 de maio de 2013

Um banho de Teologia da Libertação

O texto de hoje é sobre o vídeo a seguir:


 

Acho que antes de ler minha opinião, você já deve imaginar que eu discordo. Mas vamos aos meus argumentos:

Eu acho que não há relativismo maior, do que acreditar que a Verdade só foi e é revelada a uma parte dos homens.
Partindo da crença de que o Cristianismo, e em particular o catolicismo, tem todos os elementos possíveis, que englobam todos os meios para a salvação do homem (pois é isso que está no Catecismo e que eu acredito), precisamos dar um passo além do estágio que o Pe. Paulo está.

Se tem uma passagem que pode exemplificar muito bem qual é esse passo, é a do livro de São Tiago 2, 26: "A fé sem obras é morta."
Ao entrarmos em contato com a revelação máxima de Deus, a última tentativa de salvar o mundo, a "eterna aliança", nós temos a obrigação de interpretar essa revelação, sem restringir a imagem da função que tem, como domínio, as boas obras que são realizadas por qualquer pessoa.
Para mim, qualquer pessoa que adore a um ser superior, ame os outros como ama a si mesmo e aja de acordo com o que crê, está salvo.

Um grande pensador e meu professor diz o seguinte:
"Um algebrista entende Deus do mesmo modo que entende número e numeral. Numeral é representação e a transmissão da ideia de número. Você pode representar números em bases diferentes mas ainda assim o número é o mesmo. Quando você escreve a palavra "Árvore" quer seja em português, alemão, chinês, japonês ou outra língua qualquer o fato de você não entender a escrita não muda o significado do que a palavra representa. O mesmo acontece comas religiões: o fato de expressar Deus de forma que você não entende , não significa que Deus não esteja presente. Viva a tolerância religiosa, mesmo que eu não seja religioso."

Eu concordo que historicamente, religiões, ou crenças, levaram as pessoas a agirem contra o amor de Deus e contra a dignidade de outras pessoas. Mas discordo que o Cristianismo está num patamar acima das outras, porque acreditamos da Divindade de Jesus. Para mim, isso só nos torna mais responsáveis pelas outras culturas. Responsáveis em entendê-las. Responsáveis em respeitá-las. Se temos a faca e o queijo na mão, por que nos limitamos a comer o queijo sem cortá-lo?


Para mim, o evangelho é nada mais do que: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como amamos a nós mesmos.
Colocar isso em prática é crer em Deus.
Ir pelo mundo e anunciar o evangelho, é ir pelo mundo, pregar o amor e agir com amor. Não vejo amor em quem age para com o mundo, como se somente um jeito de rezar, um jeito de ser, um jeito de adorar fosse o certo. O amor infinito entende a todos. Sabe tudo o que uma pessoa, um povo, uma cultura, uma religião passou, viveu e todas as oportunidades que teve à sua frente.
Ser Cristão é imaginar-se amando o outro, da forma mais perfeita possível, e ainda sim saber que não chega nem perto do que é o Amor de Deus.
Eu não prego que deixemos os ensinamentos de Cristo de lado, prego que reconheçamos a verdadeira Cristandade nos outros povos, nas outras culturas, nas outras crenças.

E não esqueçamos que a quem mais foi dado, mais será cobrado. O que nos une é muito maior do que o que nos desune.

2 comentários:

  1. Eu só assistir o vídeo todo, pois sabia que vinha uma crítica depois. Esse padre ainda esta preso nas tradições antigas, muito conservador e como você falou ''um banho de teologia da libertação'', foi o que eu vi em seu texto, eu acho que você deveria escrever diretamente pra ele, se não já fez isso. Muito bem colocadas as palavras de seu texto, o verdadeiro cristão, não se acha o maior de todos, o único que esta certo, o único detentor da verdade.
    Abraços.

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  2. Bom, O PAPA Francisco diz o seguinte:

    Cidade do Vaticano (RV) - “Fazer o bem” é um princípio que une toda a humanidade: foi o que disse o Papa na missa celebrada esta manhã (22/05/2013) na capela da Casa Santa Marta. Concelebrou com o Santo Padre o Patriarca de Antioquia dos Maronitas, Card. Béchara Boutros Raï.
    O Evangelho desta quarta fala dos discípulos de Jesus que impedem a uma pessoa fora do grupo de fazer o bem.
    Os discípulos, explicou o Papa, eram um pouco intolerantes, fechados na ideia de possuírem a verdade. “Isso era errado”, afirmou, e Jesus alarga os horizontes:
    “O Senhor nos criou à sua imagem e semelhança. Ele faz o bem e todos nós temos no coração este mandamento: faça o bem e não faça o mal. Todos.”
    O bem não é exclusividade dos católicos. Todos podem e devem fazê-lo, porque este mandamento está dentro de nós. Esta ideia de que alguns não são capazes nos leva à guerra e àquilo que foi feito na história: matar em nome de Deus.
    “Nós podemos matar em nome de Deus. E isso, simplesmente, é uma blasfêmia.”
    Francisco recordou que fomos criados filhos com a semelhança de Deus e o sangue de Cristo nos redimiu.
    “Todos nós devemos fazer o bem. E este mandando creio que seja uma bela estrada rumo à paz. Se nós fizermos o bem aos poucos, lentamente, nos encontraremos lá, fazendo o bem. E assim criaremos a cultura do encontro. Encontrar-se fazendo o bem.
    Alguém poderia objetar: ‘Mas eu não creio, padre, sou ateu’. Francisco responde: “Faça o bem: nos encontraremos lá.” Não se trata de uma questão de fé, mas de uma obrigação, “uma carteira de identidade que o nosso Pai deu a todos”.
    E esta foi a oração final do Papa Francisco: “Hoje é Santa Rita, Padroeira das causas impossíveis: peçamos a ela esta graça, de que todos façam o bem e nos encontremos neste trabalho, que é um trabalho de criação, que se parece com a criação do Pai. Um trabalho de família, porque todos somos filhos de Deus. Todos! E Deus nos quer bem, a todos! Que Santa Rita nos conceda esta graça, que parece quase impossível”.
    (BF)

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