quarta-feira, 3 de abril de 2013

A PJ te representa?


Navegando pelo Facebook, hoje, me deparo com a seguinte imagem:



Li vários comentários e eu não iria comentar, pois, pela Constituição Federal, todos têm direito de se expressar, desde que não seja anonimamente. Apenas disse aos PJoteiros que não ligassem, num primeiro comentário. Mas como a Administradora da página, mesmo sem identificar-se, disse que foi ela quem tirou a foto, eu resolvi esclarecer alguns pontos:


Agora eu vou opinar:
A Pastoral da Juventude não representa muita gente. Isso é verdade sim!
Há 50 milhões de jovens no Brasil. Nem a Igreja Católica do Brasil inteira seria capaz de representá-los. Não há estrutura, não há pessoas comprometidas suficientemente, não há abertura ao acolhimento, para 50 milhões de jovens em nossa Igreja. Se alguém discorda, mostre-me a possibilidade com bons argumentos e eu retratarei-me.

Nós precisamos, sim, de pessoas com opiniões contrárias. Afinal, somos igreja Santa e composta por pecadores, SIM! Nós não acertamos sempre, tanto a PJ como qualquer outro grupo, movimento, ou pastoral. Mas para a adm da página, o que você quer que a PJ faça, está especificado no Documento 85 da CNBB como Setor Juventude. O que representa (ou deveria representar) toda a juventude da Igreja, é o Setor Juventude, o qual a PJ faz parte. A Pastoral da Juventude não tem o interesse de fazer tudo por todos os jovens, pois isso acarretaria na nossa perda de identidade. O Setor Juventude, sim! Ele reúne todos os grupos, movimentos e pastorais que trabalham, de alguma forma com Jovens. Mas eu coloco minha mão no fogo, que em muitas dioceses do Brasil, o Setor Juventude se sustenta na PJ. Sabem de quem é o erro? Dos outros movimentos, dos outros grupos e das outras pastorais que não se movimentam para compor do Setor. A PJ nunca deixará de trabalhar, porque os outros não estão trabalhando. É por isso que nós construímos muita coisa que é feita com o nome do Setor. Nós não levamos a fama, nem queremos; nós só fazemos porque nos preocupamos com os jovens. Se não houver o DNJ, o BoteFé, a Jornada de Espiritualidade Jovem; como nossos jovens ficarão? É isso que pensamos, é por isso que trabalhamos, mesmo que sozinhos.

Agora, se você quer saber quem é o Jovem que a PJ representa, eu vou lhe dizer:
1 - O Documento de Puebla, de 1979, oficializa, na Igreja Latino-Americana (a maior das 23 igrejas que têm comunhão com o Vaticano), a opção preferencial pelos pobres e pelos jovens. Ou seja, um jovem que é pobre é opção prioritária da igreja. Em outros documentos, como o 85 da CNBB e o de Aparecida, a igreja latino-americana reafirma esse compromisso.

2 - Nas Décadas de 60 e 70 a "ação católica brasileira" tomou conta das "obras", das mobilizações da nossa igreja, em nosso país. Lutando contra a ditadura, a favor dos mais pobres, da reforma agrária, contra a fome, contra a violência que se empregava ao povo, enfim, contra toda forma de opressão.

3 - Dentro da Ação católica,, haviam vários grupos: Juventude Agrária Católica, Juventude estudantil Católica, Juventude Independente Católica, Juventude Operária Católica e Juventude Universitária Católica. Nesse momento, tem-se o conhecimento da Teologia da Libertação, que estava surgindo. A Teologia da Libertação tem, como essência, a libertação do povo oprimido, que por consequência, é a libertação do Próprio Cristo, que habita nessas pessoas e as torna tão dignas de vida em abundância como qualquer europeu, classe alta (este que já tem uma vida muito mais fácil do que os oprimidos. Ou não?)

4 - A Pastoral da Juventude, juntamente com a Pastoral da Juventude Estudantil, Pastoral da Juventude Rural e a Pastoral da Juventude do Meio Popular, surgiram desse encontro: a Ação Católica com a Teologia da Libertação.

5 - Assim, a PJ nunca quis representar todos os jovens, mas sim, agir de forma que os pobres jovens tenham seus direitos respeitados, que suas famílias sejam restauradas, que o Cristo que vive em cada jovem oprimido, receba comida, água, seja vestido, seja visitado enquanto preso, receba abrigo, não pereça.

6 - Quer queira, ou não, esse cenário de opressão é consequência do Capitalismo (ou não?). Eu lhes digo o saldo do Capitalismo:
1 Bilhão de pessoas vivendo bem, até melhor do que necessitam para viver, causando a obesidade e o desperdício;
4,5 Bilhões de pessoas que trabalham duro, só fazem isso da vida (não têm tempo para lazer, praticar esportes, viajar, nem descansar), ganham um salário que mal dá para viver e seu suor sustenta cada uma das pessoas que vivem bem;1 Bilhão de pessoas passando fome, sobrevivendo com, no máximo, 20 dólares por mês, comendo biscoitos de barro para não morrer, sofrendo as mazelas das doenças erradicadas no "primeiro mundo" há quase 100 anos, sem direito a moradia, saneamento básico, alimentação mínima possível, nem educação.
Tirem suas próprias conclusões.

Aí vem a pergunta: e o jovem que não é da periferia, que não sofre opressão, que não tem fome física?
Muitos jovens que têm dinheiro, veem seus amigos, e até pais, oprimindo outras pessoas. Se esse jovem é cristão, tentará ajudar, de forma que ninguém seja injustiçado. Isso já é um enorme ato pastoral.
Outra coisa, muitos jovens sofrem com a fome espiritual, são oprimidos e injustiçados, mesmo nas camadas mais altas da sociedade. Eles são nossa prioridade também! Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois eles serão saciados.

Não sei se lerão, mas para falar de PJ, é preciso vivê-la, e estudar muito. Coisa que pouquíssimos jovens estão dispostos a fazer. Talvez por isso tantos pensem que a PJ não os quer representar.

Link da postagem AQUI.

17 comentários:

  1. Alma lavada é o que posso dizer! isso mesmo VIVER! Para falar da PJ é preciso vivê-la!!!!!

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    1. Obrigado! Nessa ciranda, estamos lado a lado, juntos, na construção da Civilização do Amor.

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  2. Parabéns pelo artigo!
    A PJ precisa ter seu espaço reconhecido e respeitado. Em minha arquidiocese, diferentemente da maior parte do Brasil, o Setor Juventude até funciona sem a presença da PJ, visto que a mesma está começando agora seu processo aqui, porém identificamos a necessidade e diferença q a Pastoral da Juventude faz nesse espaço. A missão da PJ não é substituida por nenhum outro grupo ou movimento, para fazer essa ação, em que nos preocupamos em agir como Cristãos na sociedade, nos preocupando com mais desfavorecidos e agindo em apoio concreto a estes é, infelizmente, uma particularidade da PJ, tendo em vista que muitos Cristão ainda não se deram conta da importancia da ação e acham que somentea oração leva a salvação. Relembro que a fé sem obras é morta. E a Pj com sua espiritualidade e também com toda sua metodologia, proporciona ao jovem (independente de classse social) o desenvolvimento de uma formação holistica, onde o jovem opta em ser Católico, Cristão e Pjoteiro, não por uma alienação e sim por entender criticamente a importancia de sua atuação na Igreja e na Sociedade, pois, ser Ireja dentro da Igreja é facil, dificil é ser Igreja e Viver o Evangelho no meio em que vivemos afim de transformá-lo na civilização do amor!

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    1. PERFEITO seu comentário! Assino em baixo! Muuito obrigado por contribuir

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  3. Althielis de Jesus, parabéns pelo texto. Concordo com algumas de suas ideias, outras não. Mas olha, não se assuste se mais iniciativas como essas surgirem. Na verdade elas já acontecem de forma silenciosa, todos os dias e nós atribuímos a culpa aos jovens, aos outros movimentos, ao clero, etc. A culpa está sempre nos outros e nós sempre certos, donos da verdade que salvará os jovens.

    Me parece contraditório pedirmos tantas mudanças na Igreja em nome do Evangelho e afirmamos que "A Pastoral da Juventude não tem o interesse de fazer tudo por todos os jovens, pois isso acarretaria na nossa perda de identidade." Se esta afirmação for de fato uma prioridade da PJ, não somos Pastoral, mas sim mais uma organização institucional que trabalha com jovens no Brasil.

    Teoricamente nossos discursos e literaturas são lindos, mas encontram grande dificuldade de ecoar nos pequenos grupos de hoje. Na prática o que está ocorrendo nas bases é um conflito de gerações. Acredito que a PJ precisa de um novo marco referêncial, escutar mais os jovens e fazer um movimeno de auto avaliação, ter coragem para identificar suas práticas que afastam jovens, que não mais evangelizam.

    Cristo é a identidade e o modelo a ser seguido. Antes de defender a PJ, penso que precisamos defender o Cristo presente nos jovens para então dar sentido para a PJ existir. Atualmente o que temos é uma organização hierárquica que, por medo da crise que enfrenta, tem feito o mesmo que fez Bento XVI, resgatando e reafirmando elementos e símbolos históricos. Se estiver certo, não precisa comentar aonde isso vai chegar.

    Mas vamos rezar pelos jovens e em especial pelas lideranças da PJ para que, parafraseando Hilário Dick, estejam dispostos a estudar, amar e estar presente aos jovens.

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    1. Seus argumentos Geliton, tem realmente peso, já fui coordenador da PJ em minha paróquia a anos atrás, rsrs,(em 2004) e deste aquela época já comentava com outros membros da coordenação, que era necessário sempre rever nossos métodos, sempre renovar, claro que a espiritualidade da PJ é boa, comprometida com a doutrina da Igreja, aprendi muito e cresci mais ainda durante o período em que atuei como pjoteiro, "a palavra de Deus não passa", mas se renova e a PJ, os movimentos e a Igreja em si tem que renovar também, sem perder a essência e a espiritualidade.

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    2. Eu concordo com muito do que você disse! Precisamos sim, rever muitos passos, pois esse conflito de gerações infelizmente acaba afastando o jovem e se não agirmos rapidamente, como você mesmo falou, já sabemos aonde iremos parar.
      Mas sobre a identidade da PJ, o texto no link a seguir explica muito bem, e eu até me baseei nele para fazer o texto acima, quem é o jovem PJoteiro.
      http://pejotando.blogspot.com.br/2012/01/todo-mundo-pode-ser-pejoteiro.html

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  4. #PJEuAcredito!
    #PJMinhaVida!

    Me sinto SIM representado pela PJ!

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  5. Muitro bem Althi a Pastoral da Juventude nos representa, SIM!

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  6. Althielis, vc falou muitíssimo bem, gostei muito, porém acredito muito no que o Gelinton Batista falou, pois a geração é outra. Sou professora, e observo a resistência que alguns professores têm em trabalhar com os recursos midiáticos; acredito que nós, a maioria de nós, também tem muita resistência com o que acontece na nova geração, e o que eles querem. Precisamos atraí-los mais, e muitas vezes o método que utilizamos não está sendo tão certeiro, digo o método de atraí-los, pois a nossa metodologia de trabalho (formação) é muito boa. Mas enfim, só queria me explicar pq concordo com o Gelinton tb, pois tudo precisa ser reavaliado. Estamos no momento de rever para Celebrar! ;)

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    1. Só posso assinar em baixo do que falou a minha amiga Valdilena Castro.

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    2. Obrigado por comentar, Valdilena. Concordo contigo. Muitas pessoas estão sinalizando que, não só a PJ, mas todos os seguimentos que trabalham com jovens em nossa igreja, precisam atualizar-se, quando o assunto é a evangelização desses jovens.
      Com o lançamento do Subsidio "Somos Igreja Jovem", em 2011, no Encontro Nacional da PJ, nós buscamos mostrar novos meios que devemos percorrer, mas como eu disse no texto, nem sempre acertamos e sabemos disso.
      Quando alguém se dispõe a nos auxiliar, só podemos agradecer. Acredito que no próximo encontro nacional, em 2014, assim como o Texto Base da Campanha da Fraternidade desse ano, debateremos muito mais esses meios, principalmente midiáticos.
      Sinta-se a vontade para nos ajudar, sempre que puder!

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  7. Parabéns. Foi Libertador ler tuas palavras querido! É em pessoas como você que encontro a certeza de estar no caminho certo. Obrigada por suas palavras tão vivas e de forte história e luta dessa nossa PJ querida.

    Um forte abraço, um beijo no coração, um cheiro! Muito Axé! Muita Paz e Amor! Afeto e fogo pra caminhada! Não deixe jamais de lutar pela Civilização do Amor e Construção do Reino.

    Faço minhas as frases desta música, que vem como forma de simplificar por quem lutamos. "Seu nome é Jesus Cristo e está banido
    Das rodas sociais e das igrejas
    Porque d'Ele fizeram um Rei potente
    Enquanto Ele vive como um pobre. Entre nós está e não O conhecemos
    Entre nós está e nós O desprezamos ".

    Mais uma vez obrigada!

    De sua amiga, companheira de luta ( mesmo não nos conhecendo )
    Sabrina Ortega Ferreira.

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    1. Obrigado Sabrina!!! Na verdade suas palavras também foram libertadoras para mim! Vamos juntos girar esse mundo, seguir agindo como o Mestre agiria, superando as barreiras impostas pelo sistema e defendidas com unhas e dentes pelos que preferem acomodarem-se.
      Mas como o próprio Cristo nos ensina: Um profeta só não é estimado pelo seu povo. ;)
      Axé! Paz, bem e amor!!!

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  8. Quando escreve-se que está em todas dioceses, tenho certeza que se fez uma pesquisa não fez adequadamente para escrever em todas as dioceses. Outro ponto é referente ao respeito da eclesialidade das outras pastorais e movimento. O jeito de ser jovem na igreja não é somente dentro da comunidade católica as barbas dos eclesiásticos. Tá no caminho para tentar escrever pelo todo, mas ainda te falta se aprofundar nas suas pesquisas.

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  9. Querido irmão de caminhada. Gostei muito do texto que você escreveu. É preciso ter moderação no falar e fundamento. A Igreja é rica por canta da sua diversidade, não devemos entrar em discussões como essa que quiseram fomentar. Se eles não nos respeitam nós devemos respeitá-los e (parafraseando D Pedro Casaldáliga) agradecer a Deus por que na sua Igreja tem pessoas que pensão diferentes de nós. Um abç!!!

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